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Frente ampla conduz à derrota: PSOL derrete em vereadores e prefeitos eleitos

Por Carlos Lopes

O resultado do primeiro turno das eleições municipais, realizadas neste domingo (6), mostrou uma queda no número de vereadores e prefeitos eleitos pelo PSOL. O partido, que desde 2018 aprofunda sua política de alianças com setores reformistas, perde o seu poder de encantar a juventude e a nova vanguarda da luta de classes, como mulheres, negros e LGBTs, e dilui seu programa em torno da frente ampla. O resultado é que, cada vez mais, a sigla deixa de se diferenciar dos partidos ditos progressistas, como o PT, e recua de ocupar um espaço na esquerda socialista.

No primeiro turno, o PSOL não elegeu prefeito em nenhuma cidade do país. As únicas esperanças que restam são no segundo turno com o deputado federal Guilherme Boulos em São Paulo-SP e o deputado estadual Yuri Moura em Petrópolis-RJ. De qualquer forma, ainda que ganhe nas duas cidades, o mínimo que terá será igualar os resultados de 2012 e 2016, quando também comandou duas cidades. Mas já é uma queda significativa em relação a 2020, quando foi eleito para estar à frente de cinco prefeituras.

A derrota mais contundente aconteceu na capital do Pará, Belém, em que o prefeito Edmilson Rodrigues, da tendência interna Primavera Socialista, tentava a reeleição. Se teve 34,22% no primeiro turno de 2020 e foi ao segundo turno contra o bolsonarismo, desta vez Edmilson não passou nem dos 10% e ficou em terceiro lugar, deixando a disputa final entre o MDB e o PL.

Nós, da Revolução Socialista, já vínhamos avisando que as alianças com os ricos de Belém trariam uma derrota significativa para o PSOL. O governo Edmilson se notabiliza, ao longo desses quase quatro anos de mandato, por beneficiar setores empresariais, como os gestores do lixo ou do transporte coletivo na cidade enquanto, ao mesmo tempo, pune e persegue a vereadora Silvia Leticia, da Revolução Socialista, pelo fato da vereadora não aceitar mudar para se adaptar ao projeto político que está destruindo o PSOL, transformando-o numa nova frustração para a classe trabalhadora. O resultado foi fatal: com a rejeição que ultrapassa 70% na capital, o povo belenense deu seu voto de castigo, infelizmente, ao centrão e à extrema-direita, por não ver no prefeito da Primavera um gestor que conseguisse dar conta de resolver os problemas do povo pobre.

Já nas Câmaras Municipais, o PSOL passou de 92 vereadores para 80 neste ano, uma queda em menor proporção, mas que ainda mostra que, sem diferenciação com os partidos de esquerda da ordem ou os partidos capitalistas tradicionais, a opção de voto daquela que outrora foi a base do PSOL se volta para outras siglas, reformistas ou abertamente de direita.

Claro que, para nós socialistas, as eleições se mantêm no terreno da burguesia e não são capazes de mudar radicalmente nossas vidas. Somente números eleitorais — se foi bom, se foi ruim — também não indicam a justeza da linha política, mas podem dar uma ideia.

Assim, ao mesmo tempo, surge um desafio para nós, que ainda reivindicamos o programa fundacional do PSOL e uma saída anticapitalista e socialista: que fazer frente ao avanço da extrema direita? Não será se aliando acriticamente com o PT, partido que no governo federal aprova o Arcabouço Fiscal e atua para destruir as greves dos servidores da educação federal, do Ibama e do INSS; que se orgulha de lançar um Plano Safra 2024/2025 com R$ 400 bilhões para o agronegócio, enquanto dá somente R$ 76 bilhões para aqueles que verdadeiramente colocam comida na mesa do brasileiro: a agricultura familiar; e que não mexe um dedo sequer para revogar as medidas malditas dos governos Temer e Bolsonaro, como as Reformas Previdenciária e Trabalhista.

O antídoto contra a ultradireita é uma esquerda que não tenha medo de se apresentar tal como é; que reafirme que a única saída possível é um futuro comunista; que taxe as grandes fortunas para que os ricos paguem pela crise; que defenda com intransigência o direito das mulheres e pessoas que gestam a abortar; que despenalize as drogas, seja para uso terapêutico ou recreativo; que condene o massacre que a polícia comete todos os anos contra o povo negro; que dê fim aos manicômios com nome de comunidades terapêuticas — que são financiadas pelo governo federal.

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