Por Leonardo Bezerra - Jornalista e doutor em Sociologia pela UFRGS.
É isto uma crônica ou um atestado de óbito de um futuro melhor?
É cada vez mais urgente recuperarmos o projeto genuinamente socialista.
O governo Lula selou de vez seu compromisso com a financeirização, com as elites agroindustriais e com os fisiologismos jurídico político (institucionalistas). Nesse governo não há espaço para os trabalhadores e, por incrível que pareça, não há espaço para a diversidade. O neoliberalismo não coaduna com a pluralidade; diferentemente do fascismo, com o qual ele tem uma relação germinal.
É um ledo engano supor que o governo Lula barrou o fascismo. Se por um lado tiramos aquela quadrilha do poder em 2022; por outro, infelizmente, pavimentamos um caminho eficiente e atroz para o neoliberalismo avançar categoricamente e tresloucadamente no país. Lula promove isso de modo mais eficaz do que o Bolsonaro. Essa na verdade foi a marca de todos os governos petistas. A reprodução desenfreada do Capital e a máquina de moer gente, trabalhadores e trabalhadoras.
O vazio que sentimos, e que foi bem observado pelo sociólogo Rudá Ricci, é justamente a falta de utopia, a ausência de um projeto nacional e de caráter socialista. Algo que o PT deixou para trás; e que não pretende reaver, basta ouvir os 'lealistas' Guimarães, Quaquá e Tatto.
Os dissidentes, entre os quais está agora Rui Falcão, representam um suspiro. Um aroma de saudade que, aos poucos, os liberais como Haddad, conseguem fazer sumir, dando o espaço para uma ocupação olfativa da burocracia.
Alguns ainda falam em seu negacionismo diários: "ah, mas o que se há de fazer? Se apertarmos, perdemos". Ora, meus caros 'lealistas', alguma vez, em meio ao afrouxamento, nós vencemos? Estamos sendo derrotados todos os dias pelos aliados do Lula/Lira.
O congresso, ao contrário do que alguns colunistas da Folha apontam, não é "sindicato" de empresário (eles tem sindicato, não precisam de outro); ele é sim a representação da elite burguesa, agrária e financeira. Esse é o parlamento liberal, igualzinho ao nosso judiciário (emporcalhado), sobretudo, na sua base; não apenas pelos alto salários e regalias; mas sim pelas inúmeras decisões arbitrárias em prol do empresariado e do emparedamento de trabalhadores, negros, LGBTs, entre outros. O governo Lula é o executivo desse sistema.
É cada vez mais urgente recuperarmos o projeto genuinamente socialista.
Por onde caminhar meus amigos?
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