Agronegócio e ausência de recursos públicos matam
Por João Pedro Ambrosi, da Revolução Socialista/PSOL, LIS-Brasil e do Coletivo VESPA (Veganismo Solidário Popular e Anticapitalista)
A crise climática se intensifica ao redor do mundo, são nove anos consecutivos que as medias de temperatura são as mais quentes já registradas. O interesse da burguesia segue sendo prioridade para a classe política brasileira, que não se interessa nem um pouco pelos danos ambientais que estão causando, impactando diretamente a classe trabalhadora e os setores populares. Rio Grande do Sul e Porto Alegre são o exemplo mais recente das diversas catástrofes que atingem o Brasil e que se tornam mais e mais comuns no mundo inteiro.
O que está acontecendo no Rio Grande do Sul é o apontamento da falta de política ambiental que vivemos no regime ditado pelo grande capital, para que haja um crescimento exponencial da economia é preciso aplicar leis que desregulamentem o equilíbrio ecológico, assim o trator pode passar, o desmatamento pode avançar e o lucro fica garantido. O estado é um dos maiores polos agroindustriais do Brasil, com umas das maiores exportações do agronegócio. Com uma área de 281.748 km², 90% dela voltada para a produção agrícola. São 281 municípios atingidos, barragens rompidas, 24 mil pessoas desalojadas e os governos federal, estadual e municipal tratam como se estivessem surpresos com essa catástrofe.
Ano após ano as catástrofes se tornam mais comuns, alagamentos, deslizamentos, entre outras tem sido a tônica na vida da classe trabalhadora, que paga o preço da crise, que é tratada como um imprevisto, parecendo ser um fato isolado para os políticos aliados da grande burguesia. No RS foi declarado duas vezes estado de calamidade pública em menos de 9 meses demonstrando que a verdade é: não existe interesse da burguesia em diminuir ou administrar os impactos ambientais causados e para isso os mais pobres precisam se sacrificar, perdendo suas casas, seus bens e principalmente suas vidas.
Não há tentativa de mitigação da crise, com diminuição do desmatamento por exemplo, nem de adaptação ao processo, tendo em vista o crescimento das catástrofes nem mesmo tentam diminuir seu impacto com política de contingência, a má vontade não é uma coincidência e sim uma política de estado no Brasil.
A culpa é dos governos que passaram e também do atual governo Lula, que se vende como progressista por se importar com os povos indígenas e com o meio ambiente, mas no fim sempre priorizou o desenvolvimento econômico extrativista, principalmente o agronegócio, deixando solto para que os grandes burgueses passem leis que desmontam nosso meio ambiente. A luta de classe é a essência deste conflito, apenas uma solução construída pela população que é diretamente afetada pode ser uma resposta plausível. O debate ecossocialista é a única saída para primeiro, reduzir os impactos, e num segundo momento, construir um equilíbrio ecológico que traga qualidade de vida para a população.
A classe trabalhadora não aguenta todo ano ser “surpreendida” por mais uma tragédia climática causada pelo descaso dos governos vendidos ao grande capital. Chega de especular com o meio ambiente, chega de destruição na vida das trabalhadoras e trabalhadores, apontemos uma saída ecossocialista e organizemos a classe nesse sentido!
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