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O sistema capitalista está nos deixando sem ar

Por Verónica O’Kelly, da direção nacional da Revolução Socialista e da LIS

São Paulo é a cidade com o ar mais poluído do mundo, segundo o ranking divulgado nesta segunda-feira (9) pela agência suíça IQAir, que mede a qualidade do ar em 100 grandes cidades do mundo em tempo real.

Aquecimento global, mudança climática e devastação capitalista

“Mudanças climáticas farão inverno no Brasil ser 3°C mais quente que a média”, noticiava o portal do Clima Tempo nos primeiros dias do caloroso inverno do sul brasileiro. Mas a realidade superou a previsão e o inverno chegou a ser 5°C mais quente. Na segunda-feira (9), tivemos uma onda de calor com temperaturas recorde, com temperaturas superiores a 40°C e umidade relativa do ar inferior a 10%. A combinação de calor, tempo seco e fumaça de incêndios está provocando uma altíssima poluição do ar, deixando cidades inteiras debaixo de fumaça.

O aquecimento global não é uma novidade. Estamos falando de uma crítica realidade que cientistas do mundo inteiro estão alertando. Se a emissão de gases efeito estufa continuar como até agora, o planeta vai se transformar inabitável em um curto prazo. Evidentemente há responsáveis por essa dramática situação e não são as maiorias populares e sim os burgueses que compõem o 1% que concentra a riqueza mundial e que domina a produção capitalista. Essa produção, guiada pelo interesse do lucro dos capitalistas e não pelas necessidades sociais, é a matriz do problema. Se não mudarmos isso, a barbárie avança.

Por exemplo, a produção agrícola — dominada pelo agronegócio que não é mais do que um punhado de empresários que migram de um país para outro com o objetivo de lucrar com a exploração, contaminação e depredação da terra e o meio ambiente — para ganhar território, dentre outras práticas criminosas, provoca queimadas no país inteiro. Hoje, quase todo o estado de São Paulo, com exceção do litoral, está em emergência para risco de incêndio, nível máximo de perigo apontado pela Defesa Civil. Existem ainda as construções de rodovias que passam por dentro de áreas de proteção ambiental (APAS) e quilombos. É o caso, por exemplo, da Avenida Liberdade no Pará, autorizada pelo governador Helder Barbalho (MDB) recentemente que, em seu projeto, prevê passar pela Área de Proteção Ambiental (APA) Metropolitana de Belém e a 1 km de distância da comunidade quilombola Abacatal, em Ananindeua.

A Amazônia e o Pantanal estão pegando fogo



Os incêndios em áreas úmidas crescem ano após ano. Justamente são estas áreas, de importância climática mundial, alvo do agronegócio e o extrativismo que está destruindo o ecossistema, liquidando a rica diversidade ecológica destas. Só na Amazônia, a área queimada equivale a mais de 3,5 milhões de Maracanãs. O Inpe já registrou mais de 156 mil focos de incêndio no Brasil, o maior número dos últimos 14 anos.

Assim, os incêndios desenfreados desses dias têm provocado uma densa fumaça que atinge grande parte do país, inclusive chegando a outros países como Uruguai, Paraguai e Argentina.

O Brasil terá uma das semanas mais severas do ano em termos climáticos.

Ecossocialismo ou barbárie capitalista

A ministra Marina Silva alertou que o Pantanal vai acabar antes de finalizar o século atual. A previsão de Marina não é uma surpresa, o indignante é que ela faça uma declaração dessas sem nenhuma proposta política para evitar esse descomunal desastre ambiental. Da mesma forma que indigna ouvir Lula falando da importância da pauta climática, inclusive se propondo para receber a COP30 no país, enquanto favorece o extrativismo e o agronegócio, indústrias altamente lucrativas no país. Nem Marina, nem Lula, podem ser defensores do meio ambiente enquanto são gestores do capitalismo. O capitalismo verde não oferece nenhuma solução; pelo contrário, ele favorece o avanço da destruição ambiental do planeta.

É por isso que nós afirmamos: sem um programa de medidas ecossocialistas urgentes, não há saída possível. Esse programa deve começar por proibir qualquer queima de pasto ou cultivo, realizar um programa de recuperação e remediação sócio-ambiental das áreas desflorestadas financiado pelas empresas responsáveis, conformação de uma comissão independente e permanente de controle e cuidado da floresta, conformada por aqueles que as habitam e conservam, verdadeiros guardiões da floresta, junto de trabalhadores e cientistas estudiosos do assunto.

Precisamos atacar o problema pela raiz, ou seja, contra a matriz produtiva capitalista de depredação, contaminação e morte, que de maneira indiscriminada produz com o objetivo de lucrar. Propomos um modelo oposto. Partindo das necessidades reais dos povos, definidas com mecanismos de consulta democrática, estabelecer uma matriz produtiva com o menor impacto ambiental possível, priorizando nosso planeta e nossas vidas antes dos lucros capitalistas.

Nós, os e as ecossocialistas da Revolução Socialista, damos estas batalhas com perspectiva socialista e internacionalista para acabar com este sistema de exploração e predação.

1 comentário

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Guest
Sep 11
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Uma analise concreta da realidade! As soluções que o capitalismo verde e o progessismo nos propoem não resolverão o problema! Pelo contrario, só agravam a crise climática.


Ecossocialismo ou barbárie!!

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